segunda-feira, 30 de agosto de 2010

De volta a Har-Thelen

A marcha de volta seria longa e difícil: pelo menos 3 dias cavalgando a sudoeste, devolta a Fumewood e depois em direção a cidade de Har-Thelen. E o inverno de Sithicus continuava implacável.

O grupo seguiu viagem sem encontrar mais rastros dos Elfos Selvagens. Parecia que a calma e a ponderação estavam de volta, guiando os passos dos aventureiros. Sem problemas, eles atravessaram Fumewood, evitando sempre a vila dos Kender vampiros, a maldita Kendralind. Mas isso não era muito difícil, pois essas criaturas colocavam sinais bem visíveis de que a aproximação ao seu território era proibida: cabeças de viajantes fincadas em lanças...

Quase nos limites de Fumewood, o grupo foi surpreendido por uma cena incomum: ao longe era possível avistar uma guarnição de soldados avançando na mata. Dimitre observou com cuidado e percebeu que os 4 cavaleiros que aparentemente lideravam o bando carregavam discretas insígnias do exército da Invídia. Os soldados que avançavam pela mata eram enormes e não poderiam ser humanos. talvez Ogros ou Meio-Gigantes. Ao total, o bando era formado por uns 10 Ogros e 4 cavaleiros. Sabendo do plano de Malocchio Aderre - lorde negro da Invídia - em exterminar todo e qualquer vistani que obstruir seus planos, Dimitre não teve dúvida de que eles estavam atrás de Madame Magda e seus Andarilhos...

Os companheiros conversaram e traçaram, um plano: tentariam convencer os soldados a investir contra o forte Nedragaard, atacando o próprio Lord Soth. Era um plano ousado, sem dúvida. mas se os homens de Malocchio Aderre estavam entrando em Sithicus sem autorização, já estavam desafiando o Cavaleiro da Rosa Negra. Possivelmente os boatos de que Lord Soth estava sumido há meses; talvez morto, já haviam se espalhado para além das fronteiras do domínio.

Beren e Raistlin seguiram em direção aos soldados, em quanto os demais avançavam a espreita pela mata. O mago elfo tornou-se invisível. Os 2 se aproximaram de um dos cavaleiros que havia ficado um pouco atrás do comboio.

- Olá...vocês são inimigos do lorde negro? Perguntou Beren.

O homem surpreso olhou para o elfo e depois soltou um sorriso desdenhado-o.
- Quem é você? Você está nos seguindo? Como ousa?

- Acho que lutamos contra o mesmo inimigo! Podemos unir forças contra Lord Soth e...

- Os homens da Invídia não precisam de ajuda para eliminar um bando de cães sarnentos num reino abandonado. Desapareça daqui elfo, ou meus homens vão ter carne fresca no jantar! Interrompeu com grosseria o cavaleiro invídio.

Enquanto isso, um dos outros cavaleiros começou a chamar o invidiano que dialogava com Beren. Não obtendo resposta imediata, começou a cavalgar em direção ao companheiro, trazendo consigo 2 guardas Ogros. Beren prendeu a respiração por alguns instantes e pensou. Finalmente tirou a mão do cabo da espada e deu meia volta, escondendo-se na mata que margeava o rio Musarde.

O plano falhara...esses mercenário certamente não queriam confrontar Soth. Madame Magda corria perigo. Mas Beren e Raistlin não mostraram nenhuma compaixão com o destino reservado aos ciganos. Os 2 reagruparam-se e foram evasivos sobre o diálogo com os mercenários da Invídia. Parecia que envergonhavam-se de suas virtudes como diplomatas. Após alguns protestos por parte de Lothar, que achou os companheiros extremamente precipitados e sem qualquer tato para a situação, o assunto foi encerrado com um silêncio perturbador.

Seguindo viagem para o sul, o grupo chegou a Har-Thelen e parecia que grande agitação tomava a cidade élfica. Um homem seria enforcado em instantes...A aristocracia élfica estava reunida ao redor do condenado, enquanto a população se espremia para observar, embora os elfos demonstrassem não entender nada daquilo que ocorria. Eles nem mesmo lembravam a razão da execução ou o nome do condenado...

Subitamente, alguém gritou: - Ajudem-me - na língua de Ashtun

Não era possível! Aquele homem condenado a morte também seria um viajante de Ankara, perdido nessas terras sombrias? O grupo se lançou furiosamente em busca do condenado. Enfrentando a guarda da cidade, os aventureiros salvaram o homem e perceberam que se tratava de um dos sacerdotes da Marbínia que também fora transportado para a Terra das Brumas. O grupo refugiou-se no boticário da elfa e após interrogar aquele coitado, Beren executou-o a sangue frio. No momento em que cortou a garganta do indefeso sacerdote, Beren viu-se atordoado com uma visão sobrenatural: ele enxergou seu próprio rosto no corpo da vítima; viu sua própria cabeça caindo sem vida no chão...a visão durou apenas alguns instantes, mas um sopro gelado parece ter percorrido todo o corpo do elfo naquele intervalo.

A noite caía novamente em Sithicus. Uma grande tempestade se avizinhava e os viajantes procuraram abrigo em um ferraria que se encontrava na frente do boticário. O estabelecimento estava abandonado, assim como a maioria das casas comerciais de Har-Thelen. Uma repentina culpa tomou os corações de todos, enquanto reviravam a ferraria: será que aquela horda de Ogros da Invídia teria massacrado os ciganos na floresta? Teriam poupado pelo menos Madame Magda? E as ordens de Lord Soth para que ninguém ferisse os ciganos? Esse estrangeiros ignoravam a autoridade do Cavaleiro da Rosa Negra? Teriam eles aliados em Sithicus? Bem, talvez tudo isso não lhes dissesse mais respeito...

No Covil da Hydra


Os viajantes passaram mais algumas horas marchando em direção ao norte, na região mais isolada, indicada pelos Elfos Selvagens como o local onde se encontrava o covil da Hydra. Não se podia enxergar os limites da estrada e os desfiladeiros tornavam-se cada vez mais profundos. O tempo parecia mais fechado e a noite já se avizinhava no horizonte. Os aventureiros mal sentiam seus pés enquanto andavam por entre a neve. Uma ponte partida era vista à distância. Do outro lado dela, uma série de cavernas se mostrava na encosta de uma grande montanha. Raistlin se aproximou dos limites da ponte e observou calmamente a paisagem. O feiticeiro tentava localizar algum ramo da erva no meio daquela imensidão gelada. Os demais também seguiam naquela direção, até que ouviram um estrondo seco, de algo enorme rastejando e derrubando tudo no caminho.

Um criatura monstruosa emergiu das rochas, ao lado da estrada, causando um desabamento. O ser reptiliano tinha 12 cabeças e se arrastava pesadamente sobre 4 patas. O grupo, surpreendido pelo tamanho do animal, buscou cercá-lo por todos os lados, empurrando-o contra o sólido paredão que se colocava às suas costas. Dimitre partiu em carga, montado em seu cavalo. Capsoniwon iniciou uma chuva de flechas sobre a grossa carapaça do enorme réptil. Thynnus sacou suas 2 espadas e desferiu golpes em um dos flancos do monstro. Raistlin lançou uma saraivada de Dardos Místicos, enquanto Lothar iniciava suas preces para convocar um relâmpago sobre o animal. A luta foi insana, pois cada vez que as cabeças da besta eram cortadas, outras brotavam em seu lugar. Era preciso atear fogo nas feridas para impedir o animal de se multiplicar infinitamente. A luta começou a tomar lugar ao lado de um desfiladeiro. Capsoniwon, valendo-se dos poderes de sua capa, escalou um paredão ao lado do monstro e desferiu nova chuva de setas sobre seu corpo. Dimitre ceifava as cabeças da Hydra a golpes de espada, enquanto seu cavalo se mantinha destemidamente no alcance daquelas garras. Finalmente a criatura tombou sem vida. Raistlin então lançou uma bola de Fogo sobre aquele imenso cadáver reptiliano, que acabou consumido pelas chamas. Os aventureiros mais uma vez suspiraram com alívio: fora alguns ferimentos, estavam todos vivos e seguros ao final da batalha.

Após a batalha, Raistlin criou um Servo Invisível com o intuito de explorar as cavernas que existiam do outro lado da ponte destruída. Talvez a erva pudesse ser encontrada ali; ou seria mera curiosidade do mago? O servo mágico entrou nas cavernas e encontrou pilhas de ossos humanóides. Um deles chamou a atenção do mago, pois junto dele estava um medalhão dourado com um orifício vazio no centro. Provavelmente uma jóia ou outra espécie de ornamento que se perdera encaixava-se ali. O mago ordenou que o servo trouxesse até ele alguns ossos daquele corpo em particular e o medalhão. Ele voltou ao grupo e sentou-se para poder se concentrar e lançar feitiços sobre aqueles objetos.

Enquanto o mago se concentrava, uma imagem formou-se na sua mente: ele se viu andando em um lugar incrivelmente quente; uma espécie de deserto infernal. Estava contando passos em voz alta, até avistar um templo de pedras. Ele carregava uma joía nas mãos. Uma jóia idêntica àquela que Dimitre tinha recebido de Madame Magda! De repente, essa vivência foi interrompida por outra imagem: agora ele estava finamente vestido, andando em um corredor iluminado por tochas. Em suas roupas está bordado o emblema de uma Rosa Vermelha. Raistlin se viu entrando em um quarto, onde uma linda mulher está dormindo ao lado de um berço. Ele carrega um punhal em uma das mãos. Ele se aproxima da mulher. Ele está sacando o punhal e apontando para o corpo da indefesa dama. Ele ergue o punhal no ar...Ele vai...Raistlin acorda num sopetão, soltando um grito! Mal consegue respirar. E um nome se repete em sua mente: Caradoc

Após recuperar-se da surreal experiência de reviver mentalmente os últimos instantes de vida daquele corpo, o mago reiniciava suas buscas pela planta mágica Oiolosse. Enquanto isso, os demais montavam acampamento em uma galeria que encontraram perto do covil da Hydra. Depois de algumas horas procurando, o elfo finalmente encontrou um pequeno ramo que vigorosamente lutava contra a neve para poder brotar. Ele crescia nas pedras, próximas ao covil da Hydra, conforme havia dito a cigana. Tendo colhido a miraculosa planta, puseram-se a preparar o corpo de Beren para o bendito ritual. O corpo do elfo havia se conservado bem naquele frio cortante, e na manhã seguinte ele acabou por ser ressuscitado! Mais um milagre acontecera nesse reino de escuridão. Por um instante, um novo sopro de esperança reanimou os cansados corações dos companheiros...

Rumo às Montanhas de Ferro


Beren estava morto!

O preço pago por derrotar Azrael, o braço direito de Lord Soth, foi demasiado caro! Mas os viajantes nunca foram muito dados às lamentações: mais desafios deveriam ser superados e a hora já era avançada. Os aventureiros pegaram o corpo do anão Azrael e o levaram até uma pilha de madeira que havia sido preparada por Thynnus e Dimitre. Lothar tomou algumas precauções - como circular a pira com sal-grosso e banhar o rosto do cadáver em água benta - para que o corpo do anão não pudesse ser reanimado como morto-vivo. Depois de embebido em óleo, foi ateado fogo sobre o que restara de Azrael Dak. Assistindo àquela pira, o grupo já traçava plano de como conseguir mais Oiolosse, a erva que foi responsável pela ressurreição de Capsoniwon. Antes disso, porém, Thynnus sofreu uma profunda queimadura na mão ao tentar empunhar o machado de Azrael. Aquela arma, de velocidade e corte sobrenaturais certamente carregava consigo alguma maldição, assim como seu metamorfo proprietário. O machado foi deixado ali mesmo, junto às marcas da batalha.

Tendo consagrado os restos mortais de Azrael, os aventureiros voltaram ao acampamento vistani. Madame Magda foi chamada e um encontro aconteceu naquela madrugada. O grupo informou que Azrael Dak estava morto, mas um dos guerreiros do grupo também havia perecido em combate. A cigana proferiu algumas palavras, como se prestasse alguma homenagem ao espírito do falecido guerreiro e depois manteve-se em silêncio por longos minutos.

- Acho que minha filha Inza está tramando contra os Andarilhos. A morte de Azrael talvez acelere as coisas - disse a calejada líder dos ciganos, com preocupação no olhar.

- Precisamos encontrar mais da erva Oiolosse! Onde podemos encontrá-la? - interrompeu Capsoniwon.

- Ela cresce nas encostas das Montanhas de Ferro, a nordeste de Fumewood, quase na fronteira com a Baróvia. Mas a região é habitada pelos Elfos Selvagens. É um lugar perigoso...

Durante longo tempo o grupo discutiu qual caminho tomar: rumar para o boticário de Kellastra, em Har-Thelen e torcer para que existisse mais da procurada erva nos estoques da loja; ou seguir a nordeste, rumo às Montanhas de Ferro?

Madame Magda foi deixada com suas próprias preocupações e o grupo se reuniu mais uma vez para debater seus próximos passos. Após se convencerem de que a viagem até as Montanhas de Ferro seria o caminho com mais chances de sucesso, os aventureiros descansaram e na manhã seguinte se prepararam para a longa viagem. O corpo de Beren foi amarrado em um dos cavalos, que seguia sendo puxado por Thynnus. O inverno atingia seu auge, e a medida que a marcha progredia ao norte, mais o clima se mostrava inclemente. A neve havia coberto grande parte das estradas e o vento cortava as entranhas dos viajantes, com seu sopro gelado e constante...Durante 2 dias o grupo cavalgou em direção às Montanhas de Ferro. Até agora, nenhum sinal das tribos dos Elfos Selvagens havia sido encontrado, a não ser pequenos restos de fogueira e carcaças de animais abatidos por seus caçadores.

A marcha se estendeu até o fim da tarde do segundo dia, quando rastros de animais enormes foram encontrados. Raistlin, com a ajuda dos poderes de seu manto mágico, reconheceu tratar-se de uma Hydra. Thynnus encontrou mais rastros próximo a carcaças de renas. mas eram de outro animal...provavelmente algum carniçeiro que seguia a Hydra e coimia os restos de suas refeições. Enquanto faziam o reconhecimento do terro, Dimitre percebeu ruídos numa das encostas que contornavam a castigada estrada. Se aproximando, o cigano pôde ver que se tratava de um pequeno bando de Elfos Selvagens; talvez uns 5 ou 6. Provavelmente estavam seguindo o grupo há algum tempo, mas acabaram deixando-se perceber. Aparentemente, quem liderava o bando era uma mulher velha e corpulenta. Ela dava ordens aos outros e trazia na pele algumas pinturas com padrões mais variados que os demais.

Com bastante cuidado, um primeiro contato foi tentado. Os viajantes baixaram suas armas e deixaram uma pequena gema brilhante no chão, recuando logo em seguida. Uma criança foi ordenada pela velha elfa a pegá-la. Em seguida, os selvagens se aproximaram de forma curiosa. Dimitre e Raistlin tentaram articular algumas frases em élfico. Com dificuldade, eles descobriram que estavam próximos ao covil da "Grande Besta" - provavelmente era a Hydra, assegurou Thynnus - e que eles seriam grandes guerreiros se a matassem e depois comessem seu coração. Capsoniwon sentiu náuseas imediatamente. Os selvagens apontaram a direção do covil e se retiraram rapidamente, desaparecendo na neve das montanhas como fantasmas.

Um cheiro pútrefe encheu o ar gelado das montanhas. Odor de carniça; de algum animal grande morto há poucos dias, pensaram os viajantes. De repente, de uma das fendas no enorme paredão rochoso que acompanhava a estrada surgiu uma Besta Morta-Viva, rugindo ferozmente sobre o grupo. Espadas sacadas, flechas incendiárias lançadas e uma luta alucinada foi o que se viu naquela paisagem morta. A criatura parecia não recuar diante do assalto simultâneo de 5 oponentes, cada um atacando de um lado! Com muito esforço e bravura, aquela aberração da noite acabou abatida, graças aos feitiços de Raistlin e aos golpes dos guerreiros do grupo. Certamente aquela criatura sobrevivia naquela região tão remota comendo as carniças das vítimas da Hydra. Sua carcaça fétida foi deixada ali, para que a neve lentamente a consumisse. O covil da Hydra era a próxima parada...

A batalha contra Azrael

Cheio de certeza e coragem, o grupo saiu com tochas e armas em punho pela estrada, seguindo os rastros do carro-de-guerra e o cheiro de enxofre que impregnava a mata. Sem andar muito, logo se viu do alto de uma colina, o anão e sua biga, puxada por dois animais. A lua negra nascia bem atrás da colina e Azrael soltou um grito animalesco ao ver os estrangeiros que ousavam desafiar o senescal de Lord Soth de Nedragaard.

Azrael desceu enfurecido a colina, com seu carro-de-guerra em alta velocidade. Os companheiros se separaram pela estrada, buscando se dividir e assim distrair o anão de vários pontos. diferentes. Os arqueiros iniciaram uma saraivada de flechas sobre o carro do oponente. Raistlin, que se esquivara por trás de grandes carvalhos, iniciou a conjuração de um feitiço. Enquanto isso, Beren e Dimitre permaneciam no centro da estrada, obstruindo o caminho do anão e seu carro. Subitamente, o carro-de-guerra começou a levitar e Azrael foi obrigado a abandoná-lo. O anão empunhava um machado e lançou-se em carga sobre o grupo. A forma de seu corpo começou a tomar proporções maiores e pêlos surgiam de toda a parte. Seus dentes tornaram-se pontiagudos e seu nariz cresceu de forma proeminente, transformando-se num focinho animalesco.

Azrael Dak começava a assumir a forma de um texugo-gigante no momento quer as lâminas se chocaram. Beren, que já havia se confrontado com criaturas dessa natureza, sabia que apenas as armas feitas de prata ou com alguma forma de encantamento poderiam causar algum mal ao licantropo. O bestial anão acertou dois golpes seguidos em Dimitre com velocidade assustadora. Beren logo também foi ferido pelo machado com um corte que lhe queimava a carne. Os golpes de Dimitre, embora bem colocados, pareciam não afetar profundamente seu oponente, causando apenas arranhões por entre o pêlo e a armadura que adaptava-se magicamente ao novo tamanho de seu portador. Beren valeu-se então de uma adaga mágica que já havia se mostrado útil na luta contra essas bestas metamorfas. O elfo acertou um golpe no flanco do anão-texugo, que soltou um grunido de dor. Mas isso só fez com que a besta fosse tomada por uma fúria ainda mais selvagem e descontrolada, desferindo golpes cada vez mais violentos sobre os dois guerreiros. Quando a luta parecia tornar-se favorável ao grupo, que encurralava o anão-texugo, uma chama escura se manifestou no outro extremo da cena...

Do outro lado da estrada, às costas do grupo e dos combatentes, o cheiro de enxofre tornara-se insuportável, com a aparição de um Cornugon, um demônio voador que vinha em ajuda ao seu mestre e convocador. O demônia trazia nas mãos um chicote flamejante espinhado. Thynnus se colocou em frente ao demônio, tentando impedir seu avanço em direção aos demais combatentes. Mas o elfo foi surpreendido com uma chicotada no braço, que rasgou sua armadura e acabou derrubando uma de suas espadas. Logo em seguida, a abominação cuspiu chamas sobre o ranger, que buscou abrigo nas árvores da mata. Enquanto isso, Azrael já mostrava sinais de cansaço em seu duelo particular com Beren e Dimitre. O meio-vistani desferiu um golpe no machado do anão-licantropo, que foi surpreendentemente desarmado! Beren então acertou-lhe o golpe fatal, derrubando-o e depois cortando-lhe a garganta. Quando os dois guerreiros viraram-se o demônio que já voava sobre eles expeliu uma poderosa descarga elétrica de sua boca infernal. Dimitre, num lance de puro reflexo, se jogou para fora da estrada, sendo parcialmente atingido nas pernas. Já Beren não contou com tamanha sorte: o elfo recebeu a descarga sem nenhuma possibilidade de reação. Seu corpo ferido por intermináveis lutas caía inerte na cena de combate. A morte do companheiro encheu os corações dos aventureiros de fúria e angústia, mais uma vez! Toda aquela dor se traduziu numa carga louca e desesperada sobre o ser demoníaco. Raistlin lançou ataques mágicos, enquanto Lothar, Capsoniwon e Dimitre destroçavam a golpes de lâmina aquele serviçal das profundezas do Abismo. Finalmente, quando o demônio foi vencido, todos puderam respirar com algum alívio. Não restava mais nada: Azrael estava morto, assim como seu demônio e o destemido mas impulsivo Beren...a noite mostrava novamente a sua face mais nebulosa naquela estrada perdida no meio do nada...

domingo, 29 de agosto de 2010

No Acampamento Vistani


Após muito vagar por Fumewood durante aquela noite, o grupo encontrou o acampamento dos Andarilhos. Novamente o clima de tensão com a chegada de Dimitre e seus amigos estrangeiros se espalhava entre os ciganos. A hora era bastante adiantada e Madame Magda provavelmente já dormia. Mesmo assim, Dimitre e Beren insistiram que precisavam vê-la. Os desconfiados vistanis disseram a eles que acampassem por ali que Magda os visitaria em breve. E assim foi: Thynnus abriu o mato e logo preparou uma fogueira. Enquanto os aventureiros preparavam seus lugares para dormir, um latido grave se ouvia por entre as árvores. Beren já sacara suas espadas, buscando intimidar qualquer intruso. Foi quando o vulto que já se avistava entre a úmida mata tomava contornos mais definidos: o cão de Magda se aproximava. Logo atrás, a cigana caminhava delicadamente com uma lamparina e o corvo de estimação no ombro direito:

- Não é preciso temer! Sou eu, Magda...

Sentados ao redor da fogueira, os companheiros ouviam Madame Magda falar de forma ponderada. A cigana primeiramente se desculpou pela desconfiança dos membros de sua tribo. Ele disse que desde o episódio com Azrael e sua filha Inza, os Andarilhos andavam muito desconfortavéis, como se algum grande mal se aproximasse do acampamento. Além disso, a maioria deles achava que a presença de um meio-vistani era sempre um mau presságio. Eles ainda acreditavam que Dimitre poderia ser o Dukkar - um ser destinado a trazer a destruição aos Vistani. Madame Magda achava essas superstições apenas tolices...ela sabia que o Dukkar não havia nascido em Sithicus, mas na Invídia...

O grupo pôs-se então a relatar os acontecimentos no Lago dos Sons. O enigma que ouviram naquela maldita caverna parecia tão obscuro como as névoas que cobriam os campos de Sithicus. Dimitre então repetiu o pequeno soneto à cigana:

A alma torturada volta a descansar
Quando a sentença for cumprida
E uma Rosa Negra irá desabrochar
Mostrando aos forasteiros a saída


Madame Magda respirou lentamente. Pensou por alguns instantes, enquanto os aventureiros discutiam infinitas interpretações daquele pequeno poema.

- A espada! A espada! A sentença de Lorde Soth quando ainda era um mortal foi morrer pela própria espada, por ter quebrado seus votos de cavaleiro! Só pode ser isso...

A explicação da cigana parecia bastante convincente, uma vez que ela conhecia em detalhes a história do Cavaleiro da Rosa Negra. Convencidos de que esse seria o maior desafio que os companheiros encontraram até então, o silêncio encheu o local. Madame Magda desejou boa sorte aos aventureiros e retirou-se delicadamente. Enquanto saía, Beren a interpelou:

- Magda! A jóia que você entregou a Dimitre...o que ela pode fazer? Qual é sua história?

- Quem a encontrou foi Jaspo, caro elfo...ele me pediu para escondê-la e entregar ao seu filho quando ele tivesse se tornado um homem. Ela é a chave para o Lago dos Sons. O que mais você quer saber?

- Eu vi algo enquanto olhava para a jóia...eu vi uma mulher!

- Você viu uma mulher? Uma moça morena com um "sorriso arqueado"?

- Sim! Ela vestia uma pesada armadura azul. Quem é ela? Não seria a tal Kitiara?

- A descrição corresponde a de Kitiara. Mas eu não sei...nunca vi nada nessa jóia além de seu brilho radiante.

- Eu não conheço as lendas de seu mundo, e tampouco os detalhes da vida do Cavaleiro da Rosa Negra, cigana. Mas estou certo de que essa pedra guarda algum segredo!

- Você sabe, elfo... os lordes que vivem aqui na Terra das Brumas são constantemente lembrados de seus crimes e torturados pelas suas lembranças através da ação dos Poderes Sombrios! Talvez isso seja uma manifestação deles. Apenas isso...

A mulher continuou andando com calma, deixando um rastro de mistério e sabedoria em suas palavras. A noite avançava e os aventreiros estavam inquietos. Dimitre, Thynnus e Beren discutiam sobre um ataque ao anão Azrael. Raistlin contemplava a escura lua que se mostrava apenas aqueles que tratam com as ciências obscuras... e o cheiro de enxofre começava a espalhar-se na mata! Os aventureiros descidiram confrontar Azrael e o demônio que ele convocara nesta noite...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A ressurreição de Capsoniwon

Após a sangrenta batalha com os Ghouls, o grupo reuniu-se em torno do corpo de Capsoniwon. Raistlin foi informado que o anão Grimble também havia perecido a pouco, desaparecendo em meio aos escombros da montanha. O frio daquela manhã obrigou os aventureiros a voltarem ao vilarejo, onde alugaram um quarto no Estalajem Lua-Negra. Após horas de conversa e de tratamento dos ferimentos, Raistlin resolveu analisar o punhado de ervas que Lothar havia saqueado no boticário de Kellastra, em Har-Thelen. O feiticeiro ficou surpreso: ali havia um ramo de Kiama, erva considerada capaz de afastar maus espíritos e agouros malignos; e a raríssima Oiolosse, um ramo seco com propriedades mágicas, capaz de trazer de volta a vida um elfo morto há uma semana! Os companheiros se regozijaram diante da notícia. Mas para que a erva tivesse efeito sobre o corpo sem vida de Capsoniwon, um conjunto de preparativos deveria ser feito. Aqueceu-se água e o cadáver foi colocado em uma enorme banheira. As ervas foram preparadas e colocadas na água quente. O corpo foi submerso durante 3 horas. Como que por uma milagre, nessa terra desolada, o rosto submerso de Capsoniwon começou a retorcer-se em busca de ar; seus braços se balançavam e de repente, num sopro de força, a elfa emergiu viva novamente! A cena comoveu a todos, especialmente Beren, que imediatamente se jogou sobre a irmã, quebrando a banheira com seu peso excessivo.

Na ocasião da ressurreição de Capsoniwon, Silvenne - a princesa de Ashtun - mantinha aquele olhar perdido e perturbado. Havia dias que ela estava sendo perseguida por pesadelos terríveis e imagens aterrorizadoras. A Terra das Brumas havia transformado aquela mulher de forma irreversível. Beren sentia-se responável por aquela pobre mulher, por motivos desconhecidos. O elfo não permitia que os amigos ficassem as sós com ele e tampouco se aproximassem demasiadamente. Raistlin, aproveitando-se da distração dos companheiros com a volta à vida de Capsoniwon, lançou um encantamento sobre Silvenne, buscando por meio de magia abortar a criatura maligna que ela carregava no ventre. Um grito medonho chamou a atenção de todos os presentes. Eles se viraram para a jovem princesa e viram uma mancha negra em sua roupa, na altura da cintura. Era um sangue escuro e viscoso. A mulher berrava alucinadamente e logo desabou no chão em contorcimentos assustadores. Lothar tentou acalma-lá e usar seus conhecimentos de medicina. O diagnóstico do sacerdote era um só: a moça tinha abortado! O descanso era necessário num dia tão cheio de surpresas...

Saindo de Veidrava antes do anoitecer, o grupo encontrou a embarcação de Jusfin se preparando para partir ao norte. Raistlin apresentou seus amigos ao capitão e a tripulação, que os receberam com certa desconfiança. Muitos protestos foram feitos pelos aventureiros quando um preço pela viagem foi estabelecido. O ouro de Ankara era puro e o grupo não queria perdê-lo para mercadores gananciosos. Durante a viagem os ânimos se exaltaram: o capitão desconfiava que os estrangeiros iriam saqueá-los e uma violenta discussão iniciou-se. Lothar, que em muitos momentos agia com paciência e moderação, esbravejava contra o comerciante. Espadas foram sacadas e o resto da tripulação lançou-se no rio diante do assalto ao barco.

Tendo resolvido o empasse de forma violenta, os viajantes tomaram o controle do barco e depois de algumas horas subindo o rio, aportaram na vila dos pescadores. Lá encontraram o lugar completamente arrasado por um incêndio. O cheiro de enxofre também era forte perto da vila. Raisltin tinha estado lá há apenas 2 dias e agora nada restava do pequeno povoado. Ouvindo vigorosos uivos de lobos nas proximidades, Thynnus decidiu seguir por uma estrada larga, que continha rastros recentes das carroças dos Andarilhos vistani. Havia também ali pegadas de algum animal de grande porte, como um urso ou talvez um texugo gigantesco. Depois de muitas horas de estrada, o grupo avistou as fogueiras do acampamento dos ciganos. Pelas redondezas o ranger também encontrou marcas de um carro-de-guerra e mais pêlos de texugo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Nas Minas de Sal de Veidrava

A população de Veindrava é bastante hostil e supersticiosa, não recebendo bem qualquer vistani e/ou meio-vistani na vila. O pequeno povoado parece ter um clima soturno e abandonado. O grupo encontra apenas um armazém aberto. Conversando com o rude homem que trabalha ali, o grupo acaba sabendo que metade dos trabalhadores abandonou as minas depois de estranhas mortes e acidentes de trabalho, há cerca de 4 semanas. Eles também descobrem que a mineração está suspensa há 2 semanas por ordem de Azrael e que durante esse período, as visitas do senescal de Soth foram mais freqüentes, especialmente a uma galeria de túneis abandonada na parte sul das minas, onde a maioria dos acidentes ocorreu. O anão teria levado os corpos dos mineiros (7 ao total) sob a alegação que iria examiná-los para investigar as causas das mortes, negando às famílias dos mineradores o direito a um funeral digno.

Quando o grupo entrou nas veias abertas daquela mina de sal, numa região supostamente abandonada, uma verdade incômoda não saía de suas mentes: "Capsoniwon está morta!" Esse infortúnio só poderia ter acontecido nesse mundo sombrio e pervertido conhecido como Terra das Brumas.

Após vagar pelas infindáveis galerias subterrâneas, Grimble encontrou uma escada rusticamente trabalhada que parecia levar mais ao fundo da montanha. Aquele lugar provavelmente esteve selado por muito tempo, mas parece que os recentes tremores de terra o revelaram denovo. O vento soprava gélido naquele lugar abandonado e o ar estava tomado pela umidade, o que parecia indicar que o grupo se aproximava do tal Lago do Sons.

Após algumas buscas, foi achada uma ampla galeria com um altar de pedra no centro. Era a descrição da Capela Negra da qual Magda havia falado. No altar havia uma cavidade onde Beren fixou a pedra negra que lhe foi dada pela chefe dos Andarilhos. Ao pegá-la de sua bolsa, no entanto, Beren notou algo incomum na jóia: a imagem de uma mulher agoniada, presa dentro da pedra. Suas feições eram parecidas com a de sua irmã morta, mas ela usava uma armadura pesada e uma capa azul cintilante. Ao colocar a pedra no altar uma enorme passagem de pedra maciça se abriu na extremidade oposta ao altar. Um odor pútrefe tomou a sala. Dimitre paralisou-se por alguns instantes, lembrando que naquele lugar, seu pai perdeu um pouco de sua sanidade. O grupo então se lançou a exploração daquele templo maldito. Beren retirou a pedra do altar e correu, atravessando a passagem por último. Uma sala mais ampla, escavada no coração da montanha surgia diante dos olhos dos aventureiros. Ali estava o mítico Lago dos Sons! As palavras da cigana ecoaram nas almas do grupo: "É um lago de águas escuras, envenenadas e sem reflexão, onde escutam-se vozes perdidas em lamentos. Segundo dizem, é um lugar assombrado...mas ouvindo essas vozes, é possível descobrir como sair de Sithicus e até mesmo desse mundo.” Será que essa lugar de danação poderia trazer Capsoniwon de volta a vida? A que preço?

Examinando a sala, foi possível perceber três bocas esculpidas nas paredes. Subitamente, um som estridente e obtuso começa a prencher o local, repertindo desordenandamente a seguinte frase:

A alma torturada volta a descansar
Quando a sentença for cumprida
E uma Rosa Negra irá desabrochar
Mostrando aos forasteiros a saída


Depois de ouvir vozes que lembravam os pesadelos mais terríveis, parecia que algo se movia naquelas águas negras...Criaturas bestiais saíam, uma a uma, do interior do lago. Eram Nagas Negras, serpentes com cabeça humanóide, conhecidas por seu forte veneno e seus poderes mágicos. O grupo lutou bravamente, com Beren, Dimitre, Thynnus e Grimble lançando-se em fúria e aço sobre as bestas. Após derrotarem-nas, os aventureiros procuraram uma saída, encaixando a pedra negra nas bocas esculpidas nas paredes. Para cada tentativa, um resultado diferente, até que um novo túnel é descoberto. Ele era extenso e estreito, parecendo mais um esgoto. A corrente de ar parecia indicar que ele levaria para algum ponto fora da mina. Grimble pede para os demais o esperarem, pois seus passos curtos o deixaram um pouco para trás. Ao caminharem pelo túnel, os membros do grupo pensavam: todo esse esforço e sacrifício para mais uma charada! Em meio a tantos enigmas os cansados aventureiros pensaram, por onde andaria Tim, o bardo...

Ao saírem do túnel, o grupo avista um campo coberto pelas névoas. Um odor insuportável enchia o vento e sons de alguma coisa rastejando ou mastigando vinham do misterioso local. De repente, um estrondo grave como um martelo ecoa pelas costas dos aventureiros, fazendo o chão tremer e muita poeira levantar: um desabamento furioso fez ruir aquela velha passagem no interior da montanha. Alguns instantes se passaram até que os companheiros percebessem o pior. Grimble ainda não havia saído da passagem subterrânea! Nada deve ter sobrado daquele anão ranzinza, cruelmente tragado pelas rochas da mina de sal.

Mas pouco tempo restava para lamentações! O nebuloso campo a frente dos aventureiros era na verdade um velho cemitério dos mineradores. E os ruídos que vinham dali agora se mostraram mais assustadores: eram de um bando de 12 Ghouls que violavam tumbas e alimentavam-se de cadáveres ali sepultados. Ao verem os aventureiros por perto, partiram em um ataque alucinado. Os guerreiros empunharam suas armas e iniciaram a carga com assombrosa fúria, como se os golpes que desferiam naqueles carniçais medonhos carregassem toda a raiva pela morte da companheira. A luta tomava proporções animalescas quando um dos carniçais partiu em direção ao corpo inerte de Capsoniwon, encostado a uma rocha. A abominação da noite sentia o cheiro de morte fresca naquele delicado corpo. Dimitre, Thynnus, Beren e Lothar combatiam 2 ou 3 carniçais cada um, não havendo como proteger o cadáver da elfa. Nesse instante, um vulto que já vagava por detrás dos escuros pinheiros do velho cemitério há alguns instantes se revela: com algumas palavras e gestos intrincados, um elfo conjura uma poderosa Bola de Fogo sobre o Ghoul que tentava alcançar o corpo de Capsoniwon. Logo depois, outra explosão incendeia o centro do cemitério, destruindo 3 carniçais de uma só vez. Os companheiros olham para aquele furtivo visitante e reconhecem: Raistlin, o feiticeiro elfo...

No caminho para Veidrava

Seguindo o Rio-Sem-Fim, ao sul, e depois percorrendo a longa estrada até as Montanhas do Cume Nebuloso, a sudeste, chega-se no vilarejo de Veindrava, uma pequena comunidade humana que explora a extração de sal nas minas da montanha. O caminho até a vila é difícil e as chuvas de outono castigaram muito as estradas que serpenteiam a região. No caminho para Veidrava o grupo é obrigado a fazer um desvio, pois violentos desabamentos bloquearam a estrada. Costeando uma densa mata de pinheiros, os aventureiros são surpreendidos por 2 Behirs; répteis gigantescos e ferozes que cospem descargas elétricas terríveis.

As bestas se lançam sobre o grupo com fúria. Dimitre busca o flanco de um dos animais, cavalgando ao redor da cena de combate; Thynnus lança flechas a distância e Lothar concentra-se para conjurar um feitiço. Enquanto Grimble e Beren lutam bravamente com uma das criaturas, a outra descarrega um raio mortal sobre Capsoniwon. A elfa, que também lançava flechas nas bestas, é atirada de seu cavalo e cai violentamente no solo. Os companheiros continuam lutando e com muita dificuldade conseguem vencer os seres selvagens. Thynnus e Beren vão em socorro de Capsoniwon mas já é tarde: a elfa arqueira está morta!

- O que aconteceu?
- Por que ela estava tão próxima das bestas ao invés de se proteger?

Thynnus gritava inconformado com a morte da prima. As lembranças da velha infância e da vida tranquila na antiga vila élfica, em Ankara, encheram de tristeza o calejado guerreiro. Após um momento sem palavras e de terrível desespero, o grupo silenciosamente amarra o corpo de Capsoniwon a um cavalo, cobrindo-a com um manto. Os viajantes resolvem seguir estrada acima, evitando falar do acontecido... - talvez alguém nessa vila de mineradores possa ajudar-nos - brandiu Lothar. Ninguém exceto o cigano Dimitre conseguia suportar a atmosfera carregada daquele reino desgraçado sem perder a cabeça...

O Paradeiro de Raistlin

Raistlin estava dormindo na biblioteca real do Castelo de Ashtun, guardando o Agrippa, um livro blasfêmio que supostamente guardava segredos de Demonologia. Ao acordar, naquela mesma noite fria, viu-se cercado por um anão e 4 Guerreiros–Esqueletos com armas em punho. O anão parecia dar ordens ao feiticeiro, de maneira rude. Não entendendo uma palavra daquele idioma estranho, Raistlin tentou se comunicar em elfo. O anão respondeu:

- Quem é você forasteiro?

- Sou Raistlin

- De onde você vem, com esse sotaque estranho?

- Da floresta do sul

- De onde veio esse castelo?

- Não entendo do que você está falando...

- Deixe-me ver esse livro! Vou levá-lo até Lord Soth, para um interrogatório!

O anão também é atingido com fogo quando toca no livro. Então ele manda que um dos guardas mortos-vivos que o acompanha carregue o livro. Nada contece ao guarda. Os outros seguram o feiticeiro e amarram suas mãos. Raistlin é levado como prisioneiro! Reagir nessa situação seria morte certa!

O anão tomou todos os pertences de Raistlin – Grimório, cajado, bolsa, anéis (exceto as roupas) – e o colocou em seu carro-de-guerra, amarrado e sob a guarda dos cavaleiros. No meio do caminho houve uma parada em uma floresta. O anão encontra um mensageiro que lhe diz para seguir em direção a uma cidade chamada Har-Thelen, pois "seu informante vistani tem novidades muito importantes". Essas informações não faziam muito sentido pro elfo. O anão manda os 2 guardas levarem Raistlin até a fortaleza Nedragaard, em uma carroça.

No caminho, após meio dia de viagem, os Esqueletos-Guerreiros são atacados por um grupo de Elfos Selvagens, que apedrejam a carroça. Em meio à confusão, Raistlin consegue escapar, ficando invisível. Voltando até a carroça, ele consegue recuperar alguns de seus pertences. Ele está só, muito faminto e cansado. Após vagar por 1 dia inteiro, o elfo chega até uma pequena vila de agricultores. Pelo que nota-se, os elfos que ali habitam sofrem de alguma espécie de amnésia. Eles tentam ajudar o mago, mas após descansar um pouco ele logo parte para o sul em busca de alguma cidade...

Seguindo pela margem do Rio Musarde até uma vila de pescadores, Raistlin encontrou uma embarcação sendo reparada. Após os contatos iniciais com o capitão Jesfin e sua tripulação, ficou combinado que o elfo seguiria a bordo em dreção ao sul, até as minas de Veidrava. lá o comerciante receberia uma carga de Sal para comercializar na Invídia. Alguma coisa dizia a Raistlin que seus antigos companheiros estavam por lá...

O capitão conversou longamente com o elfo durante a viagem e lhe deu algumas informações sobre a situação do reino nesses dias: O anão Azrael Dak tem procurado incessantemente por uma mulher chamada Kitiara, por ordens de Lorde Soth. O Cavaleiro, no entanto, não é visto publicamente há cerca de 2 meses. Nesse mesmo período começaram a acontecer terremotos e desastres pro toda parte de Sithicus e os elfos têm apresentado sintomas de amnésia. Isso dificultava os negócios e o navegador repetiu seguidamente que seria seu último negócio em Sithicus...

Depois de 2 dias descendo o rio, a tripulação desembarcou no pequeno porto que levava até Veidrava. O capitão pediu que Raistlin fizesse uma entrega para ele no vilarejo. Combinaram que no final daquele dia o barco partiria ao norte. Raistlin, ainda muito fraco e cansado pelas privações durante o cativeiro, subiu a íngreme e castigada estrada com dificuldade. No caminho, durante um pequeno desvio, encontrou a carcaça de 2 Behirs. O mago prontamente arrancou-lhes os chifres, considerados componentes mágicos de grande raridade e valor. Pensou consigo em que teria matado criaturas tão ferozes. Ao alcançar a cidade, se espantou com o abandono do povoado. A casa onde a entrega deveria ser feita estava abandonada e o elfo resolveu seguir um conjunto de pegadas que contornavam a entrada da mina por uma velha e esquecida trilha. O trajeto levou-o até um pequeno e velho cemitério de mineiros, atrás da montanha. Ao se aproximar, pôde ouvir gritos de batalha e o som de aço cortando a carne! Raistlin apressou-se e escondeu-se atrás de alguns pinheiros centenários que circundavam o cemitério. Ali, em meio a tumbas e lápides, uma enorme bando de Ghouls se lançava sobre um grupo de aventureiros ainda indistinguíveis àquela distância...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A profecia Vistani

Vocês quase podiam enxergar as magras mãos da cigana enquanto alguns versos se repetiam em vossas mentes. Ou aquele velho corvo, de plumas brilhantes, que falava palavras sem qualquer sentido. Após ouvirem esse conto maldito, Magda citou novamente a profecia que ouvira de Jaspo, o misterioso pai de Dimitre, há 25 anos atrás:

“As correntes mais pesadas, os Errantes têm nas mãos
Por décadas, eles hão de estar sob o fio da espada
Mas no Ano da Destruição, estranhos chegarão.
Eles trazem consigo a perdida amada.
Com sua ajuda, os Errantes escaparão.
Também eles, os estranhos, livres podem estar.
Quando a Rosa Negra Desabrochar...”


Era necessário beber alguma coisa...

Um forte toque na porta da carroça interrompeu a fala de Madame Magda. Era Virgo, um dos membros da tribo que montava guarda no acampamento. Ele dizia:

- os Andarilhos tem visita. Azrael está aqui e parece que sua filha está metida em encrenca de novo!

A cigana pediu licença aos aventureiros e foi ver o que se passava. O anão estava nos limites do acampamento com seus guardas morto-vivos, que seguravam uma mulher amarrada.

- Inza?!! gritou Madame Magda

- Deixe-me inspecionar o acampamento, cigana! Sei que vocês estão escondendo estrangeiros - esbravejou Azrael.

- Você sabe muito bem anão que Lorde Soth não permite que ninguém nos faça mal dentro de Sithicus! Deixe minha filha em paz!

- Ela que me falou sobre esses estrangeiros! E como você sabe, meu senhor está "incapacitado" de governar no momento...Se você não me deixar falar com eles, vou levá-la a Nedragaard!

- Pois bem...leve-a! Vocês devem ter algo a tratar mesmo. Cuidado com ela, Azrael Dak, pois se você a maltratar, eu lhe rogarei uma praga vistani...Adeus!

O grupo, ouvindo a conversa de dentro da carroça, engoliu seco: aquela misteriosa mulher trocou a própria filha por um bando de desconhecidos????? Parecia que a cigana realmente depositava suas esperanças de fuga naquela pequena charada revelada por Jaspo. Madame Magda justificou sua escolha revelando que sua filha Inza sempre foi muito rebelde e negava sua ascendência vistani. Além disso, ela vinha se ausentando muito do acampamento e Magda sabia que ela encontrava-se constantemente com Azrael para dar-lhe informações sobre os Andarilhos. Aquilo tudo não passava de uma farsa. Sem meias palavras, Magda afirmou que seria traída por sua própria filha, conforme vinha sonhando constantemente. Atordoados com essas revelações, os membros do grupo recolheram-se para descansar

No outro dia, pela manhã, o grupo deixou o acampamento Vistani em direção ao rio Musarde. No caminho, Thynnus, Lothar e Dimitre encontraram um estranho altar na floresta. Havia alguns símbolos inscritos com giz e pêlos de algum animal da floresta. Dimitre reconheceu aquele profano monumento como um altar de sacrifícios e de conjuração de demônios. O cheiro de enxofre confirmava que algum demônio fora convocado recentemente ali. Enquanto inspecionavam o altar, Capsoniwon e Beren - que estavam numa carroça assistindo Silvenne, que parecia doente - foram surpreendidos por um bando de Elfos Selvagens. O bando atirou algumas pedras e tentou atacar a carroça, mas saiu em disparada após algumas saraivadas de flecha e magias pirotécnicas. Sem mais problemas, o grupo alcançou a margem do Musarde no fim do dia.

Sithicus



Sithicus*: Domínio situado no Sul da Terra das Brumas (Ravenloft). faz fronteiras com Valachan, Verbrek, Invídia, Baróvia e Kartakass.
lorde negro: Lord Soth (o 'Cavaleiro da Rosa Negra')
população: 4,300 hab. (90% Elfos; 10% Elfos Selvagens; 2% Meo-Elfos; 2% Humanos)
principas cidades: Mal Erek, Hroth e Har-Thelen
principal rio: Rio Musarde
religião: Igrejas de Ezra e Hala

Lord Soth vive em uma fortaleza chamada Nedragaard. Fica em um desfiladeiro próximo a Har-Thelen. Esse castelo é assombrado por espíritos de elfos mortos e costuma ser guardado por 13 Cavaleiros-Esqueletos, que foram, em vida, os companheiros de Soth. Abaixo do Lord Soth está o seu senescal Azrael Dak, um anão qe cumpre as ordens do Lorde e aterroriza os elfos do domínio com suas tropas de mortos-vivos. Contrariar ou combater Azrael significa indispor-se com seu mestre. Existe ainda tribos de Elfos Selvagens que se rebelaram contra Soth e vivem numa região conhecida como Montanhas de Ferro. Seu estágio de evolução é a Idade da Pedra.


* Terra dos Espectros em elfo

O Conto do Cavaleiro das Sombras*


"Uma vez houve um poderoso cavaleiro cujas paixões e a negligência com o dever o fizeram perder tudo que amava – sua esposa, sua vida, seu espírito. Seu conto é uma descida às trevas e ao mal...Seu nome é Lorde Soth e essa é sua história:

Há muito tempo, Soth era um mortal que ele lutava pelo bem na distante terra de Solamnia.
Ele conquistou todas as honrarias da Ordem de Cavalaria – a espada, a coroa e a rosa
Ele construiu a grande fortaleza Dargaard e desposou a linda lady Glandria de Kalaman

Orgulhoso ele era de sua linda esposa
Orgulhoso ele era de sua fortaleza
Orgulho...e o que fez esse orgulhoso cavaleiro cair?

Desejo por uma mulher a ele proibida
Possuí-la quebraria todos seus votos e juramentos
Possuí-la desonraria sua promessa aos deuses
Ela era uma dama elfa e Isolde era seu nome

Viajando com suas 13 companheiras elfas
para a suntuosa cidade de Palanthas
ela seria prometida ao deus Paladine
o Dragão de Platina, senhor do bem e pai da justiça

A comitiva das damas foi atacada por bandidos
Mas Lord Soth e seus companheiros estavam por perto
Eles resgataram as elfas das guarras dos Ogros
Porém, Soth apaixonou-se profundamente por Isolde

A dama ainda não havia sido consagrada sacerdotisa
Portanto, não tinha votos formais a quebrar
Lord Soth, por sua vez, havia feito os votos sagrados do casamento
E só havia uma maneira de possuir Isolde sem quebrá-los...
“Até que a morte os separe”

Soth cometeu o supremo pecado
Mandando o vil criado matar sua própria esposa
O crime foi mantido em profundo segredo
E Isolde veio com Soth para a fortaleza Dargaard

De alguma forma, o crime foi revelado
E Soth foi levado ao tribunal da Ordem
Perante a corte, Soth foi condenado
Por desonra, adultério e assassinato
Sentenciado a morte pela lâmina de sua própria espada

Mas naquela noite, seus 13 companheiros o resgataram
E o levaram até Dargaard, onde ele se casou com Isolde em sigilo
Os cavaleiros de Solamnia sitiaram a fortaleza, exigindo sua rendição
E no momento mais obscuro do longo cerco, Paladine apareceu ao lorde

O Deus ofereceu a redenção a Soth
Seus pecados seriam perdoados
Se ele realizasse um grande ato heróico
Salvando muitas vidas ao evitar um cataclisma

Ele deveria ir até a cidade de Istar e confrontar o rei-sacerdote
Que ofendera os deuses e que selara o destino da cidade a destruição
Mas a caminho da gloriosa jornada, Soth falhou novamente
Pois uma dama élfica cheia de malícia envenenou sua mente
Ao afirmar que lady Isolde o traira e o filho que ela carregava não era seu

Lord Soth retornou a Dargaard com a mente doentia
E o cataclisma não foi evitado, devastando toda a cidade
A fúria dos deuses tomou os céus e milhares morreram
O fogo também foi lançado sob a fortaleza de Soth

Em meio as chamas, lady Isolde clamava
Para que Soth salvasse seu filho recém-nascido
Mas o cavaleiro apenas lhe deu as costas
Ele perdeu sua esposa, seu filho, sua vida e sua alma naquele dia...

Lord Soth renasceu como um Cavaleiro da Morte
Um servo do mal, cercado de trevas e maldição
Capaz de destruir o mais santo dos homens com um simples olhar
De fazer gelar o sangue dos mais bravos guerreiros com um sopro
Capaz de rir na face dos Deuses e de curvar todas as sombras à sua vontade

Junto com a Senhora dos Dragões, Kitiara Uth Matar
Ele tornou-se servo de Takhisis, rainha da escuridão
E espalhou dor e sofrimento sem nenhuma misericórdia
Devastando a cidade de Palanthas em fogo e fúria

Como nunca, Soth sentiu seu poder fluir
E ao lado daquela mulher nobre e guerreira
Ele poderia passar infindáveis séculos de sombras
Subjugando todos os povos de Krynn a sua espada

Mas Kitiara morreu na Torre da Alta Feitiçaria
E sua alma foi reclamada pela maligna Takhisis
Lorde Soth não aceitou o fato, reclamando ele também
A alma da senhora dos Dragões, para ser sua consorte na eternidade

Seu espírito torturado nunca se recuperou
Da esperança de reaver sua última companheira
E assim, o Cavaleiro da Rosa Negra vagando a deriva
Acabou por entrar nas brumas, atrás daquela silhueta distante..."

* = adaptado de A Dark Knigth's Tale (When the Black Rose Bloom; pg.14-16)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma Viagem a Ravenloft



Este diário de campanha refere-se a um grupo de aventureiros do mundo de Ankara que viram-se transportados para a Terras das Brumas, ou sem mais rodeios, o mundo macabro de Ravenloft. Esse bando de desgraçados apareceu no domínio de Sithicus, no início do inverno. O grande objetivo do grupo é descobrir uma maneira de retornar a Ankara, seu mundo de origem. No entanto, ao conhecerem o cigano Dimitre, eles se descobrem envolvidos em uma série de profecias ligadas à tribo Vistani local. O grupo é formado pelos seguintes jogadores:


Beren (jogador Vico): Elfo guerreiro

Capsoniwon (jogadora Natália): Elfa guerreira/arqueira

Raistlin (jogador: Cabeça): Elfo mago

Grimble (jogador: Marcelo): Anão guerreiro

Lothar (jogador V. Bock): Humano clérigo de Enlil

Dimitre (jogador Rodrigo): Meio-vistani guerreiro

Thynnus (NPC): Elfo ranger

Silvenne (NPC): princesa de Ashtun


Acampados ao pé de um velho carvalho, numa floresta escura e cheia de neblina, o grupo ainda tenta entender o que se passou no palácio real de Ashtun após aquele estranho clarão. Somente o elfo feiticeiro não estava lá. Rastlin continuava no palácio, hipotizado pelo livro que encontrou na biblioteca.

O misterioso viajante chamado Dimitre, que falava elfo com um sotaque realmente incomum, parece ser útil nessa terra de brumas e escuridão. Talvez ele saiba a resposta ou pelo menos possa mostrar como se chega ao povoado mais próximo...uma sessão para descobrir, afinal de contas, onde vocês estão e como se faz para voltar a Ankara o mais rápido possível! Talvez alguns sonhos seja despedaçados muito rapidamente...talvez seja hora de enfrentar seus próprios demônios ao invés de fugir e se esconder daquilo que sempre vos espreitou nas noites mais insanas...



Durante a vigia, Beren percebe a passagem de um grupo de cavaleiros e um carro-de-guerra conduzido por um anão na estrada que atravessa a floresta. O comboio seguia na direção em que se encontrava o Palácio de Ashtun, no coração da mata. Beren resmunga pra si: - cuidado Raistlin...sua ambição poderá custar sua vida!



Na manhã seguinte, o grupo resolve seguir ao sul descendo o Rio Musarde em direção a um povoado élfico chamado Har-Thelen. Ao chegarem na cidade o grupo nota o estado de caos que tal povoado se encontra. Falando com os nativos, eles descobrem que tremores de terra, quedas de árvores e grandes tempestades aconteceram incessantemente nos últimos 2 meses. Além disso, uma grande onda de amnésia parece atingir os elfos dos povoados nesse mesmo período.








Na mesma noite, em uma estalagem, Capsoniwon é confundida com Kitiara, a mulher que Lorde Soth procura desesperadamente. Quem diz isso é uma Vistani chamada Inza. A cigana afirma que a viu andando perto de cavernas na floresta, há semanas. Ela insiste em levar Capsoniwon até o acampamento dos Vistani para apresentá-la a Magda, a chefe do local. Seu marido, Latu, se mostra um homem extremamente antipático e tenta delatar o grupo aos guardas de Soth. O grupo fica extremamente desconfiado e resolve se retirar da estalagem, partindo na mesma noite para Fumewood, em busca dos ciganos. Aproveitando-se da "distração" dos elfos, o grupo arranja uma carroça, montarias e suprimentos para a viagem. Antes de partir, Lothar saqueia um boticário na rua central de Har-Thelen. A loja de plantas pertencia a uma tal Kellastra, que seguindo se dizia, sumiu há 3 dias desde que partiu para o forte Nedragaard em busca de plantas especiais.



Dentro da carroça, Silvenne, a princesa de Ashtun, choramingava e repetia algumas palavras incompreensíveis num transe. A mulher, que há poucos dias assistiu o marido ser executado bem a sua frente, agora era uma espécie de prisioneira desses aventureiros foras-da-lei. Desde que chegaram a Terra das Brumas, Beren se colocava como uma espécie de protetor da moça, assim como fora de sua irmã caçula, Katlin, na distante Ankara. mas a presença do elfo guerreiro era tão assustadora para ela quanto a de qualquer outro membro do grupo.



Lothar resolveu acalmar a moça, que não passava bem, queixando-se de tonturas e enjôo. O sacerdote então, delicadamente examinou-a: ela estava grávida há cerca de 4 meses! Como, se havia se casado há 3 semanas, na Marbínia? Teria essa viagem para outro mundo acelerado a gestação? Seria esse mais um sinal do mal inerente à essas terras sombrias? Ninguém poderia responder...

Vagando pelas matas tristes e frias desse reino de ninguém, o grupo finalmente encontrou o bando de ciganos conhecidos como 'Andarilhos'. Após muita desconfiança, o jovem Dimitre conseguiu uma audiência com Madame Magda, a chefe do acampamento. A cigana estava a espera dos viajantes, sentada em uma mesa, ao lado de seu grande cão negro. Havia ali também um velho corvo numa gaiola. Ao entrarem, os aventureiros ouviram o animal soltar um guincho agudíssimo: - Lorde...Negro...Através. Sem dar atenção ao pássaro, a cigana ofereceu as cadeiras para os estrangeiro. Ela disse que já os esperava. E o que ela tinha a dizer soprou um vento gélido em vossos corações...ela contou sobre a queda de um Cavaleiro. Sobre como a escuridão pode devorar o mais justo dos homens com apenas um toque...e vocês sentiram toda aquela dor espreitar vosso caminho. Por um instante, vocês lembraram de Raistlin! Onde deve estar aquele misterioso feiticeiro, nessa terra repleta de morbidez? Teriam vocês o abandonado ao destino ou ele foi consumido pela sua própria ambição? perguntas...o grupo está cheio delas.