
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Quando a Rosa Negra Desabrochar

quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Cumprindo a Sentença...

Furioso, o cavaleiro negro ergueu a espada e apontou aos assustados aventureiros. Sua voz soou mais amarga e grave que um martelo forjando um machado:
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
O Sexto Espelho: No Abismo

De repente, o elfo viu-se em meio às ruínas de um antigo templo. Flutuando junto a outros condenados cujas faces mal se distinguiam do pesado ar empoeirado e da fumaça das explosões que cobriam o horizonte, Beren percebeu que a cena estava se repetindo tal qual ele a experimentava antes. Um silêncio lúgubre pairou por alguns segundos até que passos pesados e o som do aço irromperam as escadas do local. Os espíritos se agitavam cada vez mais em murmúrios e lamentações. O elfo percebeu perto de si uma mulher com uma expressão forte, que parecia desafiar a maldição daquele lugar. E ela parecia-se tanto com sua irmã, Capsoniwon...
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Quinto Espelho: traição na Torre da Alta Feitiçaria

Beren olhava calmamente a corneta de ouro que carregava consigo, examinando sua beleza. Embora os elfos de Ankara não fossem apaixonados por peças feitas de metais nobres como os Anões, era inegável que a beleza do artefato possuía algo de hipnótico. Ainda mais se lembrar-mos que aquele instrumento era capaz de convocar uma besta da magnitude de Kellendros, o Dragão Azul. Os heróis resolveram entrar no quinto Espelho da Memória. Mas Beren, em mais um de seus delírios egoístas resolveu entrar no sexto espelho. Naquela hora, o vulto de Lord Soth movimentou a mão calejada, em um espasmo mudo.
As imagens foram clareando e o grupo se viu numa ampla escadaria de pedra em espiral, no interior de uma torre. Ao fim da subida, chegava-se a um salão alto, de onde escutava-se uma discussão. Todos trajavam túnicas sacerdotais, embora empunhassem também suas armas tradicionais. Os aventureiros aproximaram-se dos ruídos e puderam ver o que se sucedia: o cavaleiro de espada em punho apontando para um corpo atirado no chão era, sem dúvida, Lord Soth. O sangue do cadáver borrava as finas tapeçarias do local. Era uma mulher vestindo uma armadura azulada completamente estilhaçada. O que restou do estandarte negro e dourado acusava sua alta posição militar. Era Kitiara Uth Matar. Diante do corpo da Dama Azul, um elfo magro vestindo uma túnica verde-escura, em postura defensiva. Ao seu lado, um conhecido do grupo: Thannis meio-elfo. O guerreiro também empunhava sua arma, mas havia nele um ar de hesitação bem diferente da bravura cega que o grupo conhecera nas ruas de Palanthas. Atrás dos dois havia uma luz clara como uma manhã, em formato oval. Lothar sussurou que aquilo era, provavelmente, um portal mágico! Ouvindo a discussão, o grupo percebeu que Lord Soth estava ali para reclamar o corpo de Kitiara. Thannis e Dalamar, um aprendiz de feiticeiro, defendiam o cadáver contra a investida do cavaleiro negro. Mas era evidente que estes temiam a sua ira.
Lord Soth levantou a voz contra seus oponentes e apontou-lhes a larga espada de forma ameaçadora. Quando o blasfêmo cavaleiro preparava-se para dar um passo adiante, os heróis interviram na discussão. Surgindo da escadaria em espiral, o grupo se colocou entre Thannis meio-elfo, Dalamar e Lord Soth. O lorde negro surpreendeu-se por um breve instante, mas não interrompeu sua carga sobre o bando de intrusos que impediam-o de levar o corpo de sua amada Kitiara, a Dama Azul. Thannis meio-elfo também postou-se diante de Soth, mas não aparentava reconhecer os heróis de ocasiões anteriores. O lorde negro então falou:
A voz daquele ser decadente era grave como uma tuba. Entristecida, mas cheia de fúria e morte como o cheiro que atrai os abutres ao campo de batalha. Sua armadura chamuscada pelo fogo dos deuses estampava ainda aquela insígnia infame: a Rosa Negra. Thannis meio-elfo deu mais um passo adiante, postando-se ao lado do corpo sem vida de sua antiga companheira.
- Você que é um rato traiçoeiro, Lord Loren Soth! Você seguiu Kitiara pela floresta, até qui, esperando o momento exato para traí-la. Com que direitos você reclama o corpo dela? Sua desonra aumenta a cada dia, cavaleiro negro.
Soth lançou um olhar infernal sobre aquele meio-elfo insolente, embora soubesse que aquela era a mais pura verdade. Mas o que era a verdade dentro de suas próprias fantasias e recordações violadas?
- Traidor? Foi seu amigo Dalamar que a matou a instantes atrás, meu caro inimigo! Você e seus companheiros devem me entregar o corpo dela ou morrer pela lâmina de minha espada! Não seja ridículo, Thannis meio-elfo, com sua fidelidade tardia. Para Kitiara você não passou de uma aventura infantil...

Enquanto os guerreiros se confrontavam com palavras e intimidações, o portal que brilhava atrás dos aventureiros emanava um calor insuportável. Se alguém mirasse seu interior, perceberia uma paisagem desolada. Uma imensidão avermelhada de areia e pedras desgastada por temperaturas vulcânicas sob um céu carmesin se estendia até os confins da visão. Também era possível enxergar uma trilha de pegadas que seguia ao horizonte. Alguém havia entrado naquela paisagem infernal, traçando uma jornada aos limites do desconhecido...
Beren sentia seu corpo flutuar entre o ar quente de um templo em ruínas. Ele se sentia como um espírito atormentado e sem lar. Junto a ele estavam outras almas condenadas a esmoecer naquele cenário sem tempo. Foi quando ele escutou passos pesados e o barulho de aço. Sua visão estava um tanto embaralhada, mas foi possível compreender que das escadas amontoadas daquele lugar infernal vinha chegando alguém. O ambiente do sexto Espelho da Memória era o temível Abismo, o limbo infernal para onde os adoradores de Takhisis, o Dragão de Sete Cabeças, a Senhora da Escuridão, vão ao final de seus dias na terra. Esse era o ambiente representado nas memórias de Lord Soth.
O cavaleiro apareceu na entrada do templo, vestindo sua tradicional armadura negra. dessa vez ele apresentava sua aparência tradicional: seus olhos eram apenas dois pontos vermelhos incandecentes. Seu corpo exalava um cheiro de queimado e morte. Soth esticou a mão para o alto, segurando um medalhão ornamentado com uma enorme safira preta. Sussurando como um pássaro, ele repetiu:
- Venha até mim Kitiara. Sua alma me pertence! Sente-se ao meu lado pela eternidade e governemos juntos o mundos dos vivos e dos mortos...
Subitamente, um dos vultos imateriais que se contorcia naquele calor infernal começou a flutuar na direção da jóia. O lorde negro abriu um sorriso de satisfação profunda: - Finalmente!
Tudo aconteceu muito rápido, embora parecesse uma eternidade naquela paisagem inóspita. Beren acordou novamente no salão gelado de Nedraagard. Só lhe restava esperar pelos companheiros.
Enquanto isso, no interior do quinto espelho, a discussão tornava-se combate iminente. Lord Soth foi tomado por uma fúria desenfreada e ergueu a larga espada contra seus opositores. O grupo buscou cercar o cavaleiro, desferindo golpes por todos os lados. no entanto, cada um que era atingido pela espada de Lord Soth sentia um sopro gélido aterrorizante. Dimitre e Thynnus haviam sido golpeados. Thannis realizava uma espécie de duelo particular, em meio a saraivadas de espadas. Lothar tentava não encarar o morto-vivo diretamente, mas também acabou sendo ferido. Lord Soth era um espadachim muito experiente e quase imbatível. Todos estavam atordoados quando Soth derrubou Thannis meio-elfo e preparava-se para o golpe fatal. Foi quando ouviu-se um grito bestial vindo do outro lado da sala. Era Dalamar que segurava o cadáver de Kitiara próximo ao portal. Lord Soth se viu paralisado diante da ameaça do elfo em jogar o corpo da Dama Azul ali, naquela entrada para o Abismo. Seria o fim. Mas o lorde negro não largou a espada. Respirou profundamente e resmungou:
- Você não ousaria fazer isso, Dalamar! Você não passa de um covarde e sabe disso...
Nessa hora o elfo encheu-se de ódio e num ato desesperado, atirou o corpo de Kitiara, a Senhora dos Dragões, no portal a sua frente. O corpo pareceu virar cinzas instantaneamente e um cheiro de carne queimada prencheu o salão. Lord Soth deixou a espada escorrer pelos dedos até cair no chão. Thannis, que sangrava muito, abriu um sorriso vitorioso. A cena pouco a pouco se desfazia. Os aventureiros estavam de novo abandonados diante do trono decadente de Nedraagard. Apenas um espelho os separava do despertar do Cavaleiro da Rosa Negra
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Quarto Espelho: a Batalha de Palanthas

Recuperados de mais um mergulho na doentia mente do Cavaleiro da Rosa Negra, os companheiros entreolhavam-se, buscando reconhecer uns nos outros o que lhes restava de coragem. O silêncio frio da sala foi quebrado quando Capsoniwon avançou em direção ao quarto espelho. A elfa virou-se para os companheiros e disse sem hesitar:
- Vamos! Só faltam mais 3 espelhos...
Os aventureiros então a seguiram e começaram a encarar o terceiro Espelho da Memória. Logo todos se viram transportados para outro espaço, com outras roupas e outra aparência. Parecia que estavam em uma cidadela. Havia grande agitação nas ruas: pessoas correndo desesperadas por todos os lados, animais em disparada, camponeses fechando suas casas, milícias marchando pelas ruas e cavaleiros armados avançando na contracorrente da população em revoada. Quando o fogo surgiu nos primeiros telhados de palha da cidade é que os aventureiros perceberam que se tratava de um ataque violento ao local. E eles foram lançados em meio aquele caos...o cigano Dimitre resmungou então:
- Essa memória deve ser a Batalha de Palanthas! Lord Soth e Kitiara estão invadindo esta cidade!!! Ele deve estar fantasiando uma vitória aqui...devemos derrotá-lo!
Em meio a estrondos e sons de batalha, nos limites dos gigantescos muros da cidade surgia uma imagem dantesca: uma espécie de fortaleza flutuante se aproximava lentamente dos céus da cidadela. A medida que se aproximava foi possível definir melhor o que eram aquelas criaturas que voavam em torno da fortaleza. Para o pavor generalizado de todos, era um exército enfurecido de Dragões Azuis e Negros! Um risco de pavor atravessou os heróis por alguns segundos. Logo em seguida, enquanto passavam por uma rua em chamas, perceberam que o portão principal de palanthas havia cedido e uma horda de cavaleiros morto-vivos realizava ensandecido assalto sob o comando de um homem forte, vestindo uma pesada armadura de Solamnia. Sem dúvida, aquele era o memso homem que lhes desafiou em todos os espelhos desde então: Lord Loren Soth de Dargaard.

O infâme cavaleiro negro fitou os heróis com um ar desafiante. Lord Soth chamou 4 cavaleiros consigo, ensaiando uma investida. Um pequeno bando de draconianos, criaturas meio-humanas, meio-dragões acompanhavam o destacamento pelo ar. Foi quando os aventureiros perceberam que alguém os estava seguindo. Um meio-elfo trajando armadura, usando uma brilhante coroa de ouro e com espada em punho se colocava em posição de combate.
- Olá forasteiros! Se não querem morrer aqui mesmo é melhor sairem do caminho daquele cavaleiro. Mas se estiverem dispostos a defender Palanthas com suas vidas, saquem suas espadas. Aquele é Lord Soth e seu exército de mortos...Eu sou Thannis, o meio-elfo.

O homem interrompeu o que dizia ao cruzar olhares com Capsoniwon. Embora a elfa estivesse trajando um capuz de algodão grosso, à moda dos camponeses locais, seus olhos ainda eram idênticos aos da Dama Azul, a ambiciosa guerreira que liderava o ataque contra Palanthas. Após um segundo de hesitação, o meio-elfo tornou a concentrar-se na batalha que se aproximava. Os draconianos chegavam em rasante contra o grupo. Capsoniwon, Thynnus e Lothar sacaram seus arcos e desferiram uma saraivada de setas sobre os despresíveis répteis voadores. Beren e Dimitre sacaram suas espadas e se preparavam para o assalto da cavalaria. O meio-elfo também aguardava o melhor momento, esperendo pacientemente pela aproximação do batalhão montado no meio daquela larga via de pedras. Lord Soth parecia reconhecer o meio elfo. O cavaleiro negro cuspiu no chão ao ver seu velho inimigo mais uma vez no campo de batalha. Sua voz soou como gelo na madrugada, quando ele apontou para Thannis e reclamou:
- Entregue-me a coroa, meio-elfo. Ou hei de massacrar você e todos os seus amigos. Palanthas cairá ainda esta noite, tolo.
Thannis não moveu um músculo. Apenas lançou um olhar de quem já havia derrotado o cavaleiro negro em alguma outra ocasião do passado. Enquanto isso, os Dragões cruzavam os céus da cidade, destruindo torres, incendiando telhados e derrubando muralhas que obstaculavam sua fúria.
Chegado o momento do ataque, a coroa usada por Thannis meio-elfo começou a brilhar. Com um salto veloz, desferiu um golpe certeiro no ombro de Lord Soth. Os draconianos feridos a flechadas caiam sobre outros cavaleiros mortos, tornando a cena mais confusa e violenta. Beren acertou um dos companheiros de Soth. Dimitre transpassou com sua espada um draconiano caído que agonizava. Lothar já sacava seu machado e recitava louvores à Enlil, enquanto Thynnus e Capsoniwon ainda atiravam flechas para todas as direções. Pouco a pouco aqueles que Lord Soth julgava um bando de adversários fracos e desonrados haviam derrotados quase toda sua retaguarda. Mas mesmo sozinho, o ar de morte que aquele homem carregava fazia o mais destemido guerreiro ter pesadelos...
Lord Soth sinalizou para um dos Dragões Azuis vir em seu socorro, enquanto ensaiava mais uma manobra ofensiva. Os aventureiros se aproximavam, em formação de defesa. Lothar gritou ferozmente aos amigos:
- Temos que derrotá-lo antes do ataque do Dragão!!! É assim que isso deve terminar...
Thannis meio-elfo olhou sem entender uma palavra dita pelo sacerdote. Mesmo assim, concordava que a única maneira de evitar o ataque da besta reptiliana era aproximar-se de seu mestre, Lord Soth. O Cavaleiro da Rosa Negra esporou o cavalo e partiu em direção ao grupo, sem demonstrar o menor temor pela sua desvantagem numérica. Sacudiu a espada no ar, sobre a cabeça e acertou o meio-elfo em no ombro, devolvendo a ofensa anterior. Thannis soltou um rugido animalesco, como se tivesse os olhos furados com brasa. O guerreiro livrou-se do que restava do escudo que carregava naquele braço. O ferimento que aparecia estava congelado, queimando a pele profundamente. Mas o meio-elfo não se abateu. Enquanto se recobrava do golpe a coroa voltava a brilhar.
Nos céus, aquele Dragão Azul parecia mais ameaçador a cada segundo. A besta começou a contorcer o pescoço, preparando uma baforada mortifera que não pouparia qualquer um naquela praça forte. Quando Lord Soth se virava, preparando uma nova manobra, os companheiros avançaram alguns metros, diminuindo o caminho para o assalto do cavaleiro. Thannis aproveitou-se da manobra dos forasteiros para correr em direção a Soth, com uma velocidade incrível.
Pela retaguarda, o Dragão Azul começava um vôo rasante direcionado contra o grupo. Pelo lado frontal, Lord Soth preparava sua montaria para mais um ataque alucinado. Os aventureiros estavam em uma encruzilhada. Somente um golpe certeiro e a benção de todos os deuses os salvariam do extermínio. Mas os deuses demonstram piedade para com os mortais que não tremem em situações como estas. Lord Soth já estava quase em cima do grupo quando Capsoniwon tirou o capuz, olho-o nos olhos e lançou duas flechas em seu tórax. O lorde negro se viu paralisado naquele mesmo momento: Kitiara, a Dama Azul, que liderava aquele ataque, havia passado para o lado dos rebeldes??? Sua amada companheira havia traído Takhisis para lutar ao lado de seu antigo amante, Thannis meio-elfo??? Havia traído ele próprio e suas hordas de dragões e morto-vivos??? Tudo embaralhou-se na mente do Cavaleiro da Rosa Negra. Nesse momento, Beren se jogou no chão e enterrou a espada na carne podre da montaria de Lord Soth. O cigano Dimitre golpeou o punho do lorde negro, que acabou soltando aquela maldita espada no chão. Thannis acertou um golpe em cheio no elmo de Soth. O cavaleiro foi lançado e caiu de costas no meio da rua. Seu sangue negro ainda espalhava-se pelas vielas imundas de Palanthas quando a cena começou a evaporar-se. Logo estavam todos de volta a sala do trono de Nedragaard, pensando em quão bravo era o tal Thannis meio-elfo...
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Terceiro Espelho: o rei-sacerdote de Istar

Os aventureiros atingiram o segundo piso e viram que agora se tratava do andar proibido. Passaram rapidamente pela capela de Mishakal e fizeram uma breve reverência. O altar permanecia vazio, como da última vez em que o grupo ali estivera. No entanto, todos sentiram-se menos perturbados ao respirarem a atmosfera de paz daquela sala. Capsoniwon recuperou seu antigo ânimo; Lothar perdeu aquele olhar insano de desconfiança e Thynnus parecia despertar de um longo e entorpecido sono. Seria mais uma das dádivas da Mão Miraculosa de Mishakal? Ninguém poderá esclarecer... Sem demora, todos correram até a escada e subiram ininterruptamente até o quarto andar, onde antigamente ficava a sala do trono. Nenhum sinal dos cavaleiros de Soth se percebeu no caminho; tampouco as Banshees que vagavam pelo castelo a procura de visitantes desavisados...
O grupo avistou então a porta que dava acesso a sala dos espelhos. Um último suspiro de coragem e esperança foi deixado ali. Beren olhou os companheiros e depois abriu a porta. Lá estava ele: Lord Soth, sentado da mesma forma da noite anterior, congelado num olhar de alucinação. Seu corpo ainda era imaterial. Sem hesitar, o grupo dirigiu-se aos Espelhos da Memória. Começaram a fitar o terceiro espelho e logo se virão transportados para um enorme pátio de um palácio, em meio a uma multidão de pessoas. Essas pessoas estavam diante de um homem vestindo trajes religiosos. Provavelmente ele é um sumo-sacerdote ou alto dignatário de algum culto desconhecido pelo grupo. O homem se voltou à multidão e iniciou um discurso inflamado contra deuses antigos, no que foi ovacionado por aquelas pessoas. A exitação do povo só aumentava. De repente, de um dos corredores que dava acesso até o altar onde esse sacerdote dirigia-se a multidão, apareceu um cavaleiro com espada em punho. Na sua armadura o emblema da rosa negra. O sacerdote o olha com surpresa e pavor, enquanto a multidão grita e se debate em confusão. O homem avança em direção ao sacerdote e parece que vai atacá-lo...A cena é confusa: um cavaleiro atentando contra uma homem da fé?! O que isso significava?
A espada atravessa as entranhas do homem santo e uma poça de sangue se derrama sobre o altar. O ritual que o sacerdote parecia presidir é interrompido, enquanto a multidão começa a debater-se mais e mais. Alguns gritam de horror e insultam o cavaleiro, outros o aplaudem e o saúdam como um salvador. Rosas são jogadas em sua direção. O nobre anda até a borda do altar e retira seu pesado elmo, para receber as odes do povo. Ao revelar sua face, o grupo percebeu que este cavaleiro é ninguém menos que o próprio Lord Loren Soth, em sua forma humana e mortal. É o mesmo homem que lutou ao lado dos heróis no acampamento dos Ogros! É o mesmo homem presente no tribunal da cavalaria! Sem dúvida, é o Cavaleiro da Rosa Negra
O blasfemo guerreiro tentava nesse espelho cumprir a sagrada missão que o deus Paladine havia lhe dado, como forma de redimir-se de sua desonra passada. Logo que os aventureiros perceberam o acontecido, se viram lançados para fora daquela cena, de volta a sala do trono de Nedragaard. Um pouco confusos por esse trânsito entre a realidade e o sonho, os heróis se recobraram e lançaram-se novamente àquela memória.
O cavaleiro enfureceu-se de uma forma indescritível. Arrancou o elmo e lançou a espada às alturas. Levou as mãos ao rosto e pôs-se a chorar e blasfemar contra os deuses, que lhe ofereceram tão desgraçado destino e que em algum lugar do cosmo riam de sua ingenuidade. O pobre cavaleiro ficou ali, desolado e atirado ao chão por incontáveis minutos, até que um forte estrondo irrompeu a cena, vindo do alto. Ouvia-se ao longe os gritos da multidão no templo. O céu começou a escurecer e riscos de fogo começavam a descer do céu, como uma chuva de enxofre e sangue. O cataclisma começara. Subitamente, o grupo viu-se expulso do terceiro Espelho da Memória. Todos acordaram na fria sala do trono de Nedragaard, mais uma vez. A imagem de Soth, impávido naquele despedaçado trono, parecia vigiá-los silenciosamente. A qualquer momento poderia ele levantar-se e sacar a espada em desafio àqueles que ousaram perturbar seus delirantes sonhos de glória e redenção??? Seria ele misericordioso com esses estrangeiros??? O que afinal passava dentro daquela mente doentia e calejada por séculos de maldições, ninguém jamais saberá...
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Deixando a Fortaleza Nedragaard

Chegando no Templo de Mishakal, lá estava Jaspo, deitado sobre o altar onde anteriormente havia a estátua da deusa de Krynn. O homem foi acordado com cuidado e aparentava melhor condição que antes. Pôs-se a marchar para fora do castelo com os outros. No corredor que levava a biblioteca eles ouviram passos. O grupo parou, sacou suas armas e Lothar perguntou:
- Quem vem lá?
Lothar lançou um olhar fulminante para o mago, não se satisfazendo com aquela resposta. O sacerdote foi tomado por um pressentimento de que aquele misteriso feiticeiro esteve tratando de seus interesses particulares, abandonado a causa comum do grupo em nome de sua insana busca por poder. Um silêncio morbido prencheu aquele corredor por alguns segundos. Capsoniwon falou então:
- Estamos deixando o castelo, pois a noite já chegou. Você vem com a gente?
O mago sorriu e deu as costas ao grupo caminhando em direção a biblioteca. Todos sabiam que Raistlin não gostava de ordens. Parecia que o elfo não havia dado importância aos conselhos dos companheiros. Foi então que, tomada por um instinto animalesco, a elfa lançou sua teia mágica sobre o mago. Naquele mesmo instante Lothar sacou seu machado e gritou:
- Traidor! Você está tramando contra nós!!! Você só pensa em poder e mais poder! Vocês não conseguem ver??? Ele está nos traindo!
Raistlin foi surpreendido por aquela atitude hostil de seus antigos parceiros. Mas o mago não seria capturado com facilidade. Subitamente o elfo desapareceu da teia, como se tivesse evaporado. Os companheiros olhavam ao redor quando ouviram algumas palavras sendo proferidas. Uma Bola de Fogo explodiu então no meio do corredor, pegando todos desprevenidos! Só ouviram os passos apressados do elfo feiticeiro correndo em alguma direção, enquanto tentavam apagar o fogo sobre suas roupas...
O que eles haviam feito? Eles atacaram um dos seus?!!
Todos se entreolharam por um demorado momento, como se falassem uns aos outros que aquele lugar estava deixando todos loucos. A indiferença e o individualismo de Raistlin sempre geraram algum incômodo dentro do grupo, mas antes de tudo ele era primo de Thynnus, Beren e Capsoniwon. Ele estava junto deles desde o início, passando por inúmeros perigos; ele já havia dado provas de sua lealdade para com os companheiros em várias ocasiões, a despeito de seu ar misterioso...Como eles puderam atacá-lo? A Terra das Brumas não oferecia nenhuma resposta. Era melhor continuar em frente, afinal Raistlin sabia o que estava fazendo. Ele era capaz de se cuidar sozinho.
O grupo deixou o castelo sem mais demora. Pegaram seus cavalos e foram até o barco quando a noite chegara definitivamente. Uma neblina pairava sobre o rio e ouvia-se lobos uivando ao longe. Não havia qualquer sinal de Khellendros, o dragão. Silvenne, a princesa ashtunita, estava lá imóvel e apavorada. A donzela havia sido amarrada junto a um mastro para garantir que não fugiria. Suspirou de alívio ao ver que eram os aventureiros que chegavam. Jaspo foi acomodado em um dormitório enquanto os demais amontoavam-se no convés da pequena embarcação. Os companheiros mal trocaram palavras até que todos dormiram. Todos sabiam que haviam sobrevivido ao primeiro assalto a Nedragaard e isso era o suficiente para ter algum otimismo...
Assim que o sol nasceu, o grupo preparou-se para deixar o barco e avançar rumo a Nedraagard mais uma vez. Jaspo, o pai de Dimitre, ficou na embarcação recuperando-se, enquanto a princesa Silvenne acompanhou os aventureiros rumo ao castelo de Soth. Antes de partirem, o velho mineiro desejou-lhes boa sorte e muito cuidado. O sereno da manhã ainda escorria das árvores quando os companheiros partiram pela estrada que ligava o rio ao castelo de Lord Soth. Os sinais de destruição e catástrofes que assolavam o reino desde que o grupo chegou em Sithucus pareciam menos evidentes. Restaurando as memórias de seu senhor o reino também passou a se regenerar. Talvez os elfos dessas terras já tenham recuperado parte de suas memórias. Os aventureiros esperavam estar vendo aquelas florestas mórbidas pela última vez, pois intentavam completar sua busca nos espelhos e finalmente enfrentar o Cavaleiro Sombrio. Mas essa imagem misturava esperança e temor em todos...
Chegando em Nedragaard, o aspecto de abandono permanecia intacto. Tanto que o grupo deixou suas montarias bem diante do portão central sem que nenhum sinal de vigia da fortaleza se fizesse sentir. Beren olhou uma última vez para o céu antes de entrar. O elfo pensava se o formidável Dragão Azul cumpriria a sua palavra e apareceria para confrontar Soth ao lado do grupo. Era difícil acreditar numa criatura tão temível e traiçoeira, mas a vingança contra o infame Cavaleiro da Rosa Negra parecia ser o suficiente para o imenso réptil honrar sua palavra uma única vez.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Segundo Espelho: o tribunal da cavalaria

- Vamos entrar lá...é um tribunal da cavalaria! Temos que impedir que Lord Soth seja inocentado do assassinado de Lady Glandria! Vamos...

- Após essa breve interrupção, voltemos a ler a sentença! Sir Caradoc, você está condenado a execução pela lâmina de sua própria espada pelo assassinato de Lady Glandria, esposa de Lord Loren Soth de Dargaard, e seu filho recém nascido. Sua condenação será realizada à primeira luz da manhã. Que os deuses tenham piedade de sua alma...
De repente Beren se levantou como se estivesse acordando de um sonho terrível. O elfo novamente foi notado pelos presentes e criou-se um novo momento de tensão no tribunal. Os magistrados olhavam atentamente para Beren como se já esperassem aquele momento. Então o elfo exclamou:
Os presentes foram surpreendidos com tamanha ousadia! Os tribunos tentaram controlar o barulho que tomou conta da sala. Mas quem não conseguia disfarçar sua reação era o acusador. Nesse momento Lothar encarou o Cavaleiro da Rosa Negra com fúria e então lhe apontou o dedo dizendo:
- Foi Lord Soth quem mandou matar a própria esposa e o filho. Ele desonrou sua família e quebrou os votos da Ordem! Não é verdade Soth?
O lorde negro virou-se com desespero e raiva para àqueles que considerava intrusos e sacou sua espada.
- Vermes traidores, como ousam!
Quando parecia que ele iria irromper sobre os aventureiros os guardas presentes o seguraram. Todos ali sabiam que sacar uma espada durante um tribunal da Ordem de Solâmnia era uma ofensa grave. Lord Soth tentava desesperadamente livrar-se dos guardas, completamente fora de si. Até que golpeou um deles mortalmente...Ele acabara de assinar sua confissão! Caradoc, que mais parecia ter saindo de um estado de encantamento ou controle mental, começou então a descrever aos berros as ordens que recebeu de Soth naquela maldita noite e deu detalhes do crime e de como ele foi friamente concebido pelo seu mestre. Falava de cartas secretas e assim, o romance proibido de Soth e Isolde foi desmascarado diante da corte da Ordem de Solâmnia. O tribunal virou uma espécie de espetáculo circense, com gritos histérios, gargalhadas, música, choro e lamentações. Lentamente a cena foi ficando embaçada nas mentes dos aventureiros. Eles haviam cumprido mais uma cena da vida de Soth...
De repente, os aventureiros se encontravam novamente na sala do trono, mas desta vez a pobre luz da tarde já se mostrava gasta e o manto da noite de Sithicus começava a cobrir o horizonte. O grupo trocou um olhar de preocupação: se eles não abandonassem o Forte Nedraagard o mais rápido possível, as terríveis Banshees viriam persegui-lhes com seu lamento mortal e seu toque gélido. Era preciso pressa! Os heróis correram para o andar de baixo, a procura de Jaspo, deixando para trás a imagem um pouco materializada do Cavaleiro da Rosa Negra, sentada em seu gasto trono de escuridão...Mas e quanto a Raistlin? Onde se metera aquele elfo desde que foi deixado na biblioteca de Lord Soth???
Primeiro Espelho: o ataque aos Ogros

- E que desgraça seria essa, sacerdote? Qual o motivo de vocês viajantes interromperem a marcha da comitiva de Lord Loren Soth de Daagard?
- Vocês, cavaleiros e homens de guerra, podem evitar que tal desgraça se consume! Ouçam o que vos digo pois sei que é dever de nobres homens lutar contra injustiças e violências contra os fracos e incapazes. É dever defender as mulheres da brutalidade desse mundo!
Nesse momento, a figura de um nobre homem, alto e de olhar austero, surge em meio as cortinas da carruagem. Ele sinaliza aos batedores que guardem suas espadas. - O que se passa aqui, forasteiros? O que vocês desejam?
Dimitre fala com seu sotaque carregado, tentando não olhar diretamente para aquela figura imponente e de distinta posição social.
- Donzelas élficas estão sendo feitas prisioneiras de um bando de desprezíveis Ogros logo acima dessa colina!
Instantes de silêncio e desconfiança pairaram naquela estrada perdida na floresta. O Lorde e seus cavaleiros trocaram olhares, como se perguntassem quem eram esses bandoleiros. Estariam eles mentindo ou tramando alguma emboscada contra um grupo tão bem armado e organizado como os cavaleiros de Lord Loren Soth de Daagard? Seriam tolos o suficiente para tal intento?
Rompendo aquele instante, o meio-cigano continuou: - Se não acredita em nossa palavra, mande 2 de seus batedores até a colina e confirme que o que vos digo é a pura verdade! Se não nos apressarmos, as damas elfas certamente terão um destino doloroso e terrível nas mãos de tais bestas!
O Lorde, ao ouvir aquele apelo, como se tomado de fúria e indignação apressou-se para montar seu corcel e liderar um grupo de 8 cavaleiros, que foram guiados pelos aventureiros até o acampamento dos Ogros. Esgueirando-se na mata, o grupo já conseguia enxergar a fogueira e as donzelas elfas amarradas ao redor. Soth sinalizou para seus homens alguma manobra militar e subitamente os cavaleiros se lançaram com determinação sobre o bando de Ogros. Enquanto isso, Capsoniwon, Thynnus e Lothar desferiam flechas sobre os inimigos do meio da mata. Beren e Dimitre sacaram as espadas e seguiram os cavaleiros, dando-lhes retaguarda. A batalha tornou-se um violento espetáculo de sangue e aço. Os Ogros, por um instante surpreendidos, já recobravam-se e desferiam pesados golpes com suas clavas sobre os cavaleiros de Soth. Mas esses homens, dotados de bravura e determinação incomuns, avançavam numa carga louca sobre o bando, como se aquela batalha fosse a última que travariam antes de apresentarem-se diante dos deuses, no fim dos tempos. Logo as feras, mais numerosas mas menos organizadas em batalha, começavam a tombar. Os aventureiros de Ankara e Dimitre olhavam com desconforto para Lord Soth. Nesse instante ele investia contra o líder do bando Ogro. Aquele homem de voz carregada e olhar brilhante, que nesse instante era um companheiro de batalha do grupo, era o mesmo ser que havia causado tanto mal através dos séculos. Um monstro sentado em seu frio trono, capaz das maiores atroçidades para alcançar seus nefastos propósitos. Um homem além da redenção...uma alma sombria que eles mesmos deveriam enfrentar logo que terminassem suas aventuras nos Espelhos da Memória.
Quando 9 dos 13 Ogros do bando já foram abatidos no ensandecido combate, os demais resolveram bater em retirada, salvando suas próprias vidas. É nesse momento que os cavaleiros e os membros do grupo começam a libertar as donzelas elfas de suas amarras. Ao todo contam-se 13 elfas adultas. Mas uma delas é especial: os aventureiros olhavam com apreensão quando Lord Soth aproximava-se de Lady Isolde. Quando o calejado cavaleiro de Solamnia cruzou seu olhar com o daquela pura e incrivelmente linda mulher, seu coração forjado nas batalhas mais brutais experimentou um momento de calma e doçura. Lord Soth perdeu a fala e ficou por alguns instantes somente fitando aqueles olhos mágicos. Naquele momento o cavaleiro esqueceu-se de seus votos, de sua Ordem, de seus inimigos, de sua esposa grávida e de tudo o mais que não fosse a exuberante Isolde. E foi nesse mesmo instante que as visão dos companheiros começou a embaralhar-se e todos se viram de volta àquela fria sala do trono do Forte Nedragaard, no coração de Sithicus. A cena do primeiro espelho cumpriu-se como realmente foi...
